terça-feira, 25 de março de 2014

No Rio para promover "Noé", Crowe conta que chegou a levantar 200kg


No Rio para promover o filme "Noé", que chega aos cinemas brasileiros no dia 3 de abril, Russell Crowe contou que chegou a levantar 200 kg para se preparar para o papel. Crowe precisou da intensidade para se livrar de seu personagem anterior, do filme "Um Conto do Destino", em que fez um prefeito de Nova York do século XIX. "Foi um ano muito movimentado para mim. Não foi fácil mudar rapidamente de um personagem para o outro", disse ele a cerca de 100 jornalistas em entrevista coletiva realizada nesta sexta (21). 
Além do preparo físico, o ator contou que buscou outros materiais para estudo. "Li várias versões, mas depois ficou claro que o filme seria sobre uma perspectiva humana. Num primeiro momento, Noé para mim era uma coisa muito física, achei que ele fosse um touro. No processo de preparação fiquei muito forte, mas depois fui compreendendo e perdendo os músculos quando o filme começou".
A preparação toda durou seis meses, contou ele. "Eu entendia muito pouco sobre Noé. É o que acontece com a maior parte das pessoas que se lembram dos livros de infância do catecismo. Estudei mais e percebi que essa história está presente nos textos antigos de várias religiões". No filme, Noé recebe uma missão divina antes de uma enchente apocalíptica destruir o mundo. Ele precisa construir uma arca para salvar a criação de Deus, mas um grupo tenta se apossar da construção para defender a raça humana.

A imersão não incluiu apenas textos religiosos, mas também mitologia e história. "Percebi a história de Noé não como uma história religiosa, pois ele não pertence a nenhuma religião em si. É uma questão da humanidade. Foi fascinante fazer essa descoberta. As pessoas não percebem que essa história está tanto no Alcorão como em textos budistas", contou.

Perguntado sobre a polêmica de o filme ter sido banido em países com predomínio do Islamismo como Catar, Emirados Árabes, Bahrein e Egito, Crowe admitiu não ter ficado surpreso. "Perde-se a oportunidade de estimular a discussão. Quando as pessoas veem o filme, elas saem já querendo ler na Bíblia para fazer a comparação. Não é uma surpresa para nós o filme ter sido proibido", comentou.
Crowe comentou ainda como foi trabalhar com Anthony Hopkins (que viveu Matusalém, o homem mais velho do mundo) e Jennifer Connell. "Trabalhar com a Jennifer foi fantástico. Já havíamos trabalhado em conjunto e tido mais intimidade em 'Uma Mente Brilhante'". "Com Hopkins, a primeira vez em que contracenamos foi em 1990 e ficamos em contato todos esses anos. Ele é extraordinário e quando nos reencontramos, houve aquela troca de olhares de quanto tempo já havia passado".

Emma Watson (da série "Harry Potter") também integra o elenco, interpretando Ila, uma garota que se relaciona com um dos filhos de Noé, o menino Shem (interpretado por Douglas Booth). Completam o time de atores Mark Margolis, Kevin Durand, Dakota Goyo, Marton Csokas e os islandeses Jóhannes Haukur e Jóhannessone Arnar Dan, como Caim e Abel.
Grande parte das filmagens foi realizada na Islândia. "As condições climáticas foram muito ruins. Quase 36 dias de chuva, um pouco a menos que no tempo bíblico", riu. "A cada hora em que via aquela chuva parecia um soco na cabeça", brincou.

Cuidados

Apesar de o filme abordar a sobrevivência de espécies animais, nenhuma das cenas foi gravada com bichos de verdade, contando apenas com os recursos de efeitos especiais. "Eu adoro animais, tenho uma conexão espiritual com eles. Acho que o meu gado [na fazenda que tem na Austrália] é o mais bem tratado no mundo inteiro", riu. "O filme também fala sobre isso, parece que a gente não trata os animais com o respeito devido. Se tratássemos bem,  teríamos uma sociedade muito melhor".

sexta-feira, 7 de março de 2014

Raimundos lança novo CD, financiado por fãs, após 12 anos de jejum


“Lavô tá novo”. A expressão que estampou a capa do segundo disco dos Raimundos, em 1995, cai como uma luva para explicar o atual momento da banda. No ano em que completa duas décadas de estrada, o quarteto brasiliense brinda os fãs com “Cantigas de roda”, o primeiro CD de inéditas após 12 anos de jejum. Com um som pesado e veloz, mesclado por nuances de metal e punk, o trabalho mostra que os roqueiros ainda estão em forma e não perderam a personalidade que fez a banda explodir nos anos 90.
— A gente tem frequentado a academia — brinca o baixista, Canisso, hoje com 48 anos: — Até tentamos fazer um Metallica, mas saiu Raimundos. A gente só sabe tocar desse jeito. O tempo passou, mas o DNA é o mesmo.
Logo de cara, o novo disco traz um petardo, “Cachorrinha”, seguido da balada “Baculejo” e da ousada “Gato da Rosinha”, que servem de inspiração para ouvir as nove faixas seguintes.
O álbum foi produzido de forma independente através de uma plataforma de financiamento coletivo, na internet, que arrecadou R$ 123.278. E quem contribuiu com o projeto não deve ter se decepcionado com o resultado, já que a banda exibe um fôlego invejável para quem ficou tanto tempo sem trazer novidades ao mercado.
— A gente recuperou a trajetória aos poucos, fazendo turnês com a equipe enxuta. Chegamos a fazer show levando só o técnico de som, justamente para recomeçar, passar pelos perrengues de banda iniciante — explica Canisso.
A experiência serviu para consolidar o quarteto, que teve diversas formações ao longo de sua história. Em 2001, o vocalista Rodolfo deixou o grupo, ao se converter à igreja evangélica. No ano seguinte, quem saiu foi Canisso, que só voltou em 2005, quando o baterista Fred pulou fora. A atual cara do quarteto, com Digão (vocal), Marquim (guitarra), Caio (bateria) e Canisso, só se firmou em 2009.
— Esperamos chegar a hora certa e, quando fomos para o estúdio, vimos que essa formação ia render — conta o baixista, que garante não guardar rancor de Rodolfo, com quem a relação ficou estremecida no passado: — Hoje somos todos quarentões respeitáveis. O tempo acaba com as rusgas.